Estudo prospectivo da ocorrência de hipertensão arterial sistêmica em gatos com doença renal crônica e seu risco relativo de lesão em órgãos-alvo
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Resumo
A doença renal crônica (DRC) ocorre como consequência de anormalidades estruturais e ou funcionais de um ou ambos os rins, diante a incapacidade de realizar qualquer uma de suas atividades normais, seja ela excretora, regulatória ou endócrina. Vários fatores estão associados à sua ocorrência, mas, independente da etiologia envolvida, a DRC pode resultar em lesões renais progressivas e irreversíveis. Como tentativa de manter a integridade funcional dos néfrons remanescentes, o organismo desenvolve mecanismos compensatórios. No entanto, os fenômenos envolvidos no controle da homeostase renal podem ter várias consequências, entre elas o desenvolvimento de hipertensão arterial sistêmica (HAS). A progressão da DRC é caracterizada em quatro estágios, de acordo com a concentração sérica de creatinina e em seguida subestadiada pela ocorrência de proteinúria e pelo risco de hipertensão arterial sistêmica e de lesões em órgãos alvo (rins, olhos, coração e cérebro) (Tabela 1). As principais lesões oculares incluem coroidopatia e retinopatia. Nos rins a hipertensão causa alterações que levam à proteinúria e progressão da doença renal, enquanto que no sistema nervoso central pode causar neuropatia hipertensiva. No sistema cardiovascular, pode haver hipertrofia ventricular esquerda. A hipertensão arterial sistêmica reflete uma condição de elevação persistente da pressão arterial. Os gatos são considerados hipertensos quando a pressão arterial sistólica encontrase superior a 160 mmHg, após múltiplas determinações, em ambiente calmo. Ainda não foi estabelecido, com exatidão, se a HAS é responsável pelo início das lesões renais, ou se ela se desenvolve como consequência da redução da função renal. De toda sorte, entre 20 a 65% dos gatos com doença renal crônica apresentam evidências de hipertensão arterial sistêmica. De fato, dentre as principais causas de HAS em felinos, estão, em ordem de importância a doença renal crônica (DRC) e o hipertiroidismo. Embora seja rara, a HAS também pode ocorrer de forma primária. O diagnóstico de hipertensão primária, também conhecida como idiopática ou essencial deve ser realizado por exclusão, eliminando-se todas as possibilidades de doenças subjacentes. Pode-se dizer que, entre 13 a 20% dos casos de HAS recebem essa classificação. A mensuração da pressão arterial é indicada para gatos portadores de hiperaldosteronismo primário, hiperadrenocorticismo, anemia crônica, diabetes mellitus; gatos com evidências de lesões em orgãos alvo e aqueles que fazem uso de terapia com eritropoietina. Outras causas de HAS também podem incluir o feocromocitoma e os tumores secretores de mineralocorticóides.
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