Análise espacial da epizootia de raiva ocorrida no município de Campinas/SP/Brasil nos anos de 2.000 a 2.002

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M. R. Donalísio
R. W. Lourenço

Resumo

A raiva é uma zoonose que acomete bovinos e equinos (também chamada de raiva dos herbívoros ou dos Animais Domésticos de Interesse Econômico – ADIE), de grande relevância para a saúde pública e animal. É caracterizada por encefalite viral e apresenta elevado coeficiente de letalidade. Nestes animais tem como transmissor o morcego Desmodus rotundus. A criação e manutenção de herbívoros ocorre em áreas rurais, com cenários diferentes, isto é, pastagens, matas nativas, reflorestamentos, vales e rios. Ferramentas do geoprocessamento podem ser úteis para o conhecimento da epizootiologia da doença em áreas extensas ou reduzidas. Nos anos 2.000 a 2.002 foi registrada epizootia de raiva em herbívoros em região rural do município de Campinas, todos confirmados laboratorialmente. O objetivo deste trabalho é caracterizar a distribuição espacial dos óbitos de herbívoros e dos abrigos de morcegos hematófagos. A localização e informações dos óbitos animais e dos abrigos de desmodus foram coletadas pela Secretaria Municipal de Saúde e pela Secretaria de Agricultura ambas utilizando-se GPS (Global Position System). Padronizou o local de óbito a porta de entrada da propriedade em que o animal estava alojado. Foram utilizados os programas computacionais Microsoft Excel®, Arc- GIS® versão 9.2, para transferência, e análise dos dados. As variáveis estudadas foram: ano e mês da ocorrência do óbito, espécie animal, localização espacial dos óbitos e dos abrigos de Desmodus e tipos de abrigos destes últimos. Foram delimitadas áreas de influencia (buffers) de 3 km dos abrigos de morcegos. Como resultados, foram georreferenciados 66 (98,5%) registros de mortes de animais em 52 focos, sendo acometidos 40 (59,7%) bovinos e 25 (37,3%) equinos. Não foi evidenciada sazonalidade da doença. Houve deslocamento dos casos na direção sudeste-noroeste, contornando a zona urbana, sugerindo que esta sirva como obstáculo aos morcegos hematófagos. A maioria dos abrigos localizavam-se próxima a corpos d’água. Foram identificados 10 abrigos de Desmodus, todos do tipo artificial. O número médio de morcegos foi de 11 por abrigo. Os buffers dos abrigos 3, 5 e 6 concentram a maior número de óbitos registrados. Os resultados mostraram que 25 (37,9%) óbitos estavam contidos em áreas de influência de 3 km de três abrigos próximos (abrigos 3 e/ou 5 e/ou 6). Não foram considerados os abrigos de Desmodus localizados nos municípios vizinhos. Verifica-se o caráter rural da doença, porém há vários bairros residenciais circundados pela área rural, o que evidencia o risco de infecção humana. Este trabalho reforça que a incorporação das ferramentas e técnicas de geoprocessamento auxiliam na compreensão da composição da paisagem e padrões ambientais, da ocupação do solo sendo de grande utilidade na vigilância epidemiológica da raiva como de outras zoonoses. Verifica-se a escassez de trabalhos utilizando ferramentas do geoprocessamento e de análise espacial na ocorrência da raiva. 

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Como Citar
DONALÍSIO, M. R.; LOURENÇO, R. W. Análise espacial da epizootia de raiva ocorrida no município de Campinas/SP/Brasil nos anos de 2.000 a 2.002. Revista de Educação Continuada em Medicina Veterinária e Zootecnia do CRMV-SP, v. 10, n. 2/3, p. 91-92, 11.
Seção
RESUMOS RITA