Ictiose não epidermolítica em um cão da raça west highland white terrier

Conteúdo do artigo principal

J. C. G. Morad
C. P. Souza
S. N. Koch
L. F. Vestina

Resumo

Ictiose é uma rara dermatopatia congênita e hereditária descrita em cães e gatos, caracterizada pela hiperqueratose excessiva em todas as superfícies corpóreas. Acredita-se ser consequência de um defeito primário na formação do estrato córneo e é classificada como ictiose não epidermolítica (INE) e epidermolítica. Uma cadela da raça West Highland White Terrier (WHWT) de dois meses de idade foi atendida no consultório Vetderme em Sorocaba-SP, com histórico de disqueratinização intensa e otite eczematosa. A proprietária relatou que tinha adquirido o animal com 30 dias de idade, já manifestando os sinais clínicos e sem qualquer outra alteração sistêmica. Ao exame clínico, foi observado: eritrodermia; disqueratinização intensa disseminada com a presença de escamas micáceas aderidas a pele e pelame; untuosidade excessiva e pelos aglutinados; hiperpigmentação em região abdominal e otite ceruminosa. Foi realizado o exame parasitológico de raspado de pele com resultado negativo, e no exame citológico foram observadas leveduras do gênero Malassezia e cocos. A histopatologia de pele confirmou a presença de uma dermatite superficial perivascular com ortoqueratose compacta da epiderme e focos discretos de impetiginização. Os achados clínico-patológicos foram compatíveis com a suspeita clínica de INE com impetiginização secundária. Foi instituído o tratamento com Cefalexina, Terbinafina, xampu com Miconazol e Clorexidine, spray umectante e ácidos graxos e ceramidas em pipetas, com o objetivo de eliminar as infecções secundárias e melhorar a hidratação da pele e pelame. O quadro se agravou ao longo de 30 dias de tratamento, com progressão das infecções secundárias e estabelecimento do prurido. A INE é a forma mais relatada nos casos de ictiose canina, e pode ter aspectos em comum com a ictiose lamelar em humanos. Este é o primeiro caso de um cão da raça WHWT reportado no Brasil, tendo sido encontrado apenas um relato em um cão Golden Retriever na literatura consultada. A ictiose deve constar como um dos diagnósticos diferenciais nos distúrbios de queratinização, especialmente em animais jovens e das raças indicadas como mais acometidas como: WHWT, Golden Retriever e Buldogue Americano. Em casos graves, a terapia intensiva e sem resultados favoráveis pode diminuir drasticamente a qualidade de vida do animal e de seus cuidadores. Devido à herança genética do processo os animais acometidos devem ser retirados da atividade reprodutiva .

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Seção

RESUMOS CONGRESSO BRASILEIRO DE DERMATOLOGIA VETERINÁRIA

Como Citar

Ictiose não epidermolítica em um cão da raça west highland white terrier. Revista de Educação Continuada em Medicina Veterinária e Zootecnia do CRMV-SP, [S. l.], v. 13, n. 3, p. 53–53, 2016. Disponível em: https://revistamvez-crmvsp.com.br/index.php/recmvz/article/view/28872. Acesso em: 5 dez. 2025.