Cistite enfisematosa em um cão não diabético

Conteúdo do artigo principal

C. R. Martorelli
D. S. Caragelasco
F. C. Chacar
N. M. Garla
M. M. Kogika

Resumo

Introdução: A cistite enfisematosa (CE) é um tipo incomum de infecção do trato urinário (ITU), caracterizada pelo acúmulo de gás no lúmen da vesícula urinária. As manifestações clínicas da CE estão relacionadas à ITU, além de pneumatúria (eliminação de gás durante a micção). A patogênese da CE não está elucidada, sendo E. coli a bactéria mais frequente, seguida pela Klebsiella spp., Proteus spp., Clostridium spp. e Enterobacter aerogenes. A CE pode ser visibilizada por meio de exame radiográfico e as causas iatrogênicas de pneumatúria devem ser descartadas. Relato de Caso: Foi atendido um labrador com doença renal crônica (DRC), estágio 3 (segundo classificação da IRIS), cujo proprietário referiu pneumatúria e desconforto abdominal. No exame radiográfico abdominal foi visibilizada a presença de gás no lúmen da vesícula urinária. Na urocultura, houve o crescimento de Enterobacter aerogenes (>100.000 UFC/mL) sensível à enrofloxacina, ciprofloxacina, cloranfenicol, gentamicina, norfloxacina e sulfa com trimetoprim. Foi estabelecida a terapia com enrofloxacina (5 mg/kg) a cada 12 horas, e após cinco dias, o animal já não apresentava manifestações clínicas. Resultados e Discussão: Esse caso refere-se à CE em um paciente com DRC, não diabético e não glicosúrico. A manifestação de pneumatúria e o desconforto abdominal remeteram à investigação de presença de ITU, uma vez que a isostenúria favorece sua instalação. O exame radiográfico confirmou a presença de gás no lúmen da vesícula urinária e, aliado às informações da anamnese, foram descartadas as causas iatrogênicas. Com a constatação da bactéria Enterobacter aerogenes, o tratamento preconizado foi baseado no consenso de infecção do trato urinário, e por se tratar de um caso de cistite complicada, pela presença de causa predisponente, ou seja, da DRC, é indicada a prescrição de antibioticoterapia por período prolongado, mínimo de 30 dias, com monitoração a cada 15 dias. Conclusão: O histórico de pneumatúria e desconforto abdominal alerta para a busca do diagnóstico diferencial e a infecção do trato urinário em cães deve ser aventada, pois na DRC a isostenúria é fator importante de predisposição à ITU. Assim, a definição do diagnóstico é relevante para a indicação de terapia adequada, para evitar um possível agravamento, como a ocorrência de pielonefrite enfisematosa e, consequentemente, progressão da DRC. 

Detalhes do artigo

Seção

RESUMOS CONPAVET

Como Citar

Cistite enfisematosa em um cão não diabético. Revista de Educação Continuada em Medicina Veterinária e Zootecnia do CRMV-SP, [S. l.], v. 14, n. 3, p. 55–55, 2016. Disponível em: https://revistamvez-crmvsp.com.br/index.php/recmvz/article/view/34733. Acesso em: 5 dez. 2025.