A terapia fotodinâmica e os efeitos promovidos em orgãos imunológicos e implante secundário do tumor de Ehrlich após tratamento do tumor primário em foco distante
Main Article Content
Abstract
Introdução: A terapia fotodinâmica (Photodynamic Therapy - PDT) é um método empregado para tratar neoplasias baseado na interação entre luz, oxigênio molecular e um agente fotossensibilizador. Após a administração do fotossensibilizante, o tumor é iluminado com luz visível de comprimento de onda especifico (Laser), ativando o agente, e produzindo espécies reativas de oxigênio, altamente citotóxicas, que provocam morte celular por necrose e apoptose, e destruição do tecido tumoral [1]. A característica singular da PDT é a participação ativa do sistema imunológico no combate às células tumorais. Os efeitos fototóxicos na membrana celular liberam uma série de mediadores inflamatórios levando a ativação do sistema imune inato. A inflamação local e a invasão por neutrófilos, macrófagos e células natural killer junto à destruição das células neoplásicas determinam a condição necessária para a apresentação de antígenos tumorais às células dendríticas e demais células apresentadoras de antígenos. A apresentação antigênica promove ativação do sistema imune adaptativo e há a sensibilização dos linfócitos T efetores (CD8+), determinando uma resposta específica para a neoplasia tratada, envolvida na erradicação de focos disseminados e/ou metastáticos. Além disso, há a sensibilização de linfócitos B (de memória) aos antígenos tumorais, promovendo um controle em longo prazo do tumor. A produção de anticorpos antitumorais pelos plasmócitos pode ser sugerida, porém ainda não foi demonstrada em modelo experimental [2,3,4,5]. O presente trabalho foi delineado para avaliar o comportamento de um foco tumoral secundário após o tratamento com a PDT, ou a excisão cirúrgica, em um tumor primário e as possíveis alterações em órgão linfóides, utilizando-se para tanto o tumor de Ehrlich na sua forma sólida.
Material e Métodos: Inicialmente trinta camundongos foram inoculados com solução contendo 2,5 x 106 células tumorais no tecido subcutâneo da região do dorso (Tumor primário). Após dez dias os animais foram divididos em três grupos de tratamento: grupo PDT [Azul de Metileno 1% intratumoral e irradiação com laser vermelho (660nm) totalizando 54 joules de energia], grupo CIRURGIA (excisão cirúrgica do tumor) e grupo CONTROLE (sem tratamento do tumor). Os animais receberam então uma nova inoculação de células tumorais no coxim plantar do membro posterior esquerdo (Tumor secundário). Os animais foram avaliados durante 17 dias, comparando-se os grupos. Os parâmetros avaliados foram o crescimento tumoral, peso relativo e análise histopatológica dos órgãos linfóides (Baço e Linfonodo poplíteo), contagem de leucócitos sanguíneos e morfometria do tumor secundário (determinação da fração volumétrica dos componentes da massa tumoral: células tumorais, infiltrado inflamatório e necrose). A análise dos resultados obtidos foi efetuada com os programas estatísticos Minitab 16® e GraphPad Prism5.00®. Para os dados paramétricos foi utilizada a ANOVA seguida do teste de Turkey. Os dados não paramétricos foram analisados pelo teste de Kruskal-Wallis seguido do teste de Dunn. A curva de crescimento do tumor de Ehrlich secundário foi analisada por ANOVA de duas vias. Foram consideradas estatisticamente significantes as análises com nível de significância p < 0,05. Os dados foram expressos como média ± desvio padrão.
Resultados: O Gráfico 1 ilustra a curva de crescimento do tumor secundário no coxim plantar esquerdo nos grupos tratados com PDT, cirurgia ou sem tratamento (controle). Não houve diferença significativa entre os grupos experimentais. A figura 1 ilustra os dados referentes à fração volumétrica (FV) dos componentes da massa tumoral. Os dados são expressos em porcentagem. Os componentes considerados foram células tumorais, infiltrado inflamatório, necrose e outras estruturas presentes (vasos, músculos, etc.). A FV de células tumorais é maior no grupo cirurgia e a FV de infiltrado inflamatório menor neste grupo. A FV de necrose não apresentou diferença entre os grupos. A figura 2 ilustra os dados referentes à porcentagem da área em necrose na massa tumoral. O grupo cirurgia apresentou uma porcentagem de área em necrose menor que os grupos PDT e controle. A figura 3 ilustra os dados referentes ao peso relativo do baço. O peso relativo do baço no grupo cirurgia foi menor quando comparado aos grupos PDT e controle. A figura 4 ilustra o padrão histológico encontrado no baço dos camundongos. Os animais do grupo cirurgia não apresentaram alterações morfológicas importantes nas estruturas do órgão (Figura 23 A). Nos animais que receberam o tratamento com a PDT (Figura 23 B) e nos animais que não receberam tratamento algum (Figura 23 C), foi observado que a arquitetura do órgão estava preservada, entretanto os folículos linfoides, os respectivos centros germinativos e a sua zona marginal apresentavam-se aparentemente mais proeminentes, com áreas de coalescência dos folículos. Observou-se a manutenção da arquitetura das regiões de polpa vermelha. Os achados sugerem uma discreta hiperplasia linfoide do baço nestes animais. O peso relativo do linfonodo poplíteo esquerdo e sua análise histológica não apresentaram diferenças entre os grupos experimentais, assim como a contagem total de leucócitos circulantes.
Conclusão: A terapia fotodinâmica foi capaz de produzir efeitos sobre o crescimento de um tumor de Ehrlich sólido secundário, inoculado em camundongos, previamente tratados em tumor primário à distância. Houve indução de necrose e inflamação aguda, assim como diferenças no padrão de resposta imunológica quando comparado aos animais tratados cirurgicamente.
Article Details
1. Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho licenciado sob a Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional
2. Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusica da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
3. Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios instituicionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre);