Redução da expoliação e do risco de ocorrência da raiva em herbívoros pelo controle populacional de Desmodus rotundus na região noroeste do estado do Rio de Janeiro
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Abstract
A prevenção da difusão de enfermidades infecto-contagiosas pelo controle populacional dos transmissores/vetores é uma prática secular de comprovada eficácia, seja aplicada a roedores, carnívoros, invertebrados e pragas de vegetais. Para reduzir ao máximo a exposição de herbívoros à espoliação por morcegos hematófagos da espécie Desmodus rotundus e conseqüentemente, ao risco de infecção por Lyssavirus, foram identificados abrigos com colônias de morcegos hematófagos, e estes monitorados semestralmente, com capturas e controle populacional eventuais, em três microbacias do Estado do Rio de Janeiro. Verificou-se que na microbacia de Miracema, os casos de Raiva transmitidos por D. rotundus foram se reduzindo a partir de 1995, quando foi iniciado o monitoramento dos abrigos e controle populacional da espécie. No intervalo de 36 meses (anos de 2005 a 2007) em que não houve controle populacional, os casos de Raiva em herbívoros tornaram a se elevar. Verificou-se que o repovoamento dos abrigos monitorados levava de 2 a 5 anos. Na microbacia envolvendo o município de Aperibé, o monitoramento dos abrigos e eventual controle populacional por 30 meses coincidiu com a ausência de Raiva em herbívoros ao longo de 5 anos (de 1996 a 2000). Também não foram notificados/ diagnosticados casos de Raiva em herbívoros durante o monitoramento dos abrigos e eventual controle populacional, realizado por 30 meses nos municípios de Três Rios e Sapucaia. Conclui-se que o controle populacional de D. rotundus por técnicos experientes reduziu substancialmente o contato direto dos morcegos com animais domésticos susceptíveis nas microbacias trabalhadas, e conseqüentemente o risco de infecção quando da presença de Lyssavirus na saliva dos morcegos. Enquanto era realizado o controle populacional bianual de D. rotundus nos três ambientes distintos e isolados, não foram diagnosticados casos de Raiva em herbívoros domésticos ao longo dos períodos de monitoramento. Em não se realizando o controle populacional durante um mínimo de 48 meses, casos de Raiva em herbívoros passaram a acontecer nesses ambientes sob estudo. Em nenhum dos D rotundus examinados foi encontrado Lyssavirus na saliva pela IFD, nem anticorpos específicos contra a virose no soro de 163 indivíduos examinados. É imprescindível ampliar a discussão quanto ao significado epizoótico da detecção de anticorpos contra antígenos de Lyssavirus em mamíferos silvestres, e a possibilidade destes estarem infectados sem apresentação de quadro clínico (“portadores assintomáticos”).
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