Acompanhamento clínico e laboratorial de cães parasitologicamente positivos para leishmaniose visceral submetidos à terapia com miltefosina associada ao alopurinol
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Abstract
A Leishmaniose Visceral (LV) é uma doença infecciosa, não contagiosa, transmitida principalmente por flebotomíneos da espécie Lutzomyia longipalpis, que acomete várias espécies, como felinos, equinos, humanos e principalmente cães domésticos. Nos últimos anos, a LV vem apresentando aumento significativo do número de casos e de letalidade. De caráter crônico, podemos encontrar animais assintomáticos, e outros com manifestações clínicas que podem variar desde quadros dermatológicos, oftalmológicos a linfoadenopatias, onicogrifoses e diáteses hemorrágicas. No Brasil, o tratamento de cães era proibido e amparado pela portaria interministerial Anvisa-Mapa nº 1.426, de 11 de julho de 2008. Recentemente foi obtido o registro do primeiro fármaco (Milteforan™) indicado para o tratamento da doença nos cães (Nota Técnica Conjunta nº 001/2016 – Mapa/MS). A Miltefosina, princípio ativo do medicamento, é um análogo de fosfolipídeos, atuando principalmente na inibição da síntese da membrana celular do parasito e por interrupção das vias de sinalização celulares presentes nessa membrana. Assim, pode promover a melhora clínica do animal, com redução da carga parasitária e consequente diminuição de sua infectividade para os vetores. A dose terapêutica utilizada do Milteforan™ foi de 2 mg/kg/dia, por via oral, durante 28 dias, ciclo repetido depois de seis meses. O Alopurinol, medicamento associado com o Milteforan™, foi utilizado na dose terapêutica de 10 mg/kg, também de uso oral, sendo administrado a cada doze horas durante todo o acompanhamento. Este trabalho avaliou os resultados apresentados por 46 cães tratados com Miltefosina associada ao Alopurinol, considerando os aspectos clínicos e laboratoriais (proteinograma e citologia de linfonodo e/ou medula óssea). Os dados foram obtidos dos prontuários de um hospital veterinário localizado na cidade de Andradina, São Paulo. Foram analisadas as fichas de acompanhamento por doze meses de 46 animais, parasitologicamente positivos para LV e que também apresentavam alterações no proteinograma e manifestações clínicas da doença. Utilizou-se um sistema de escore clínico para avaliação dos animais, assim como para a citologia aspirativa. Os animais foram avaliados a cada seis meses; dos 46, 35 (76%) apresentaram diminuição do escore clínico durante as análises, e 11 (24%) vieram a óbito, dos quais nove (81,8%) por insuficiência renal crônica e dois (18,2%) por insuficiência hepática. Houve reestabelecimento dos valores de relação albumina/globulina, assim como diminuição do número de formas amastigotas em lâmina, comprovados através da diminuição da média do escore citológico. A leishmaniose visceral é uma doença de difícil cura com esterilização parasitológica, porém a melhora clínica/laboratorial proporcionada pela Miltefosina, associada às medidas de controle, pode diminuir a carga parasitária e consequentemente a infectividade do animal para os vetores.
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