Tratamento da Leishmaniose visceral canina com miltefosina – relatos de casos

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J. P. Vides
L. R. S. Moraes

Abstract

A leishmaniose canina é uma zoonose causada por protozoário do gênero Leishmania, cujo vetor é o mosquito do gênero Lutzomyia. As leishmânias são parasitas intracelulares de macrófagos no homem, no cão e em animais silvestres. Os cães são os principais reservatórios do parasita, transmitido pelo mosquito para os seres humanos. A Miltefosina permite a inibição do crescimento de formas promastigotas do parasita e provoca morte das formas amastigotas, resultando em elevada atividade leishmanicida. In vivo, foi demonstrado que a Miltefosina apresenta ampla atividade antiparasitária e que sua atuação não depende do sistema imunológico do animal. A Miltefosina é administrada oralmente, na dose de 2 mg/kg por dia, durante 28 dias. Foram atendidos no Hospital Veterinário do Unisalesiano três cães da raça border collie com três a seis anos de idade. Os sinais clínicos apresentados foram: apatia, desidratação, hipertermia, diarreia, êmese, áreas alopécicas e ulcerativas, onicogrifose, descamação disseminada e claudicação. Foram realizados hemograma, análises bioquímicas (albumina, alanina aminotransferase, fosfatase alcalina, ureia, creatinina, proteínas totais), urinálise, relação proteína creatinina urinários (RP/C) e ultrassonografia. Em todos os cães constatou-se presença de hiperproteinemia; dois apresentavam anemia, isostenúria e RPC >0,5. O método de diagnóstico etiológico foi o exame citológico de medula óssea, com posterior reação em cadeia da polimerase (PCR) quantitativa para mensuração da carga parasitária. Os valores observados variaram entre 12 leishmânias/μl a 1328 leishmânias/μl. O tratamento realizado consistiu em apenas um ciclo de 28 dias de Miltefosina na dose de 2 mg/kg. Ao final do tratamento observou-se melhora das lesões alopécicas, redução da queda de pelos, ausência de êmese e diarreia e diminuição da apatia. Porém, um paciente permaneceu com hipertermia durante todo o ciclo, e outro apresentava lesões de pele ulcerativas e descamativas. Após os 28 dias de tratamento foi realizada nova punção aspirativa de medula óssea para PCR quantitativa. Os valores da carga parasitária variaram entre 4,92 leishmânias/ μl a 122 leishmânias/μl. Nos demais exames foi constatada anemia regenerativa em dois pacientes, hiperproteinemia em todos e hipoalbuminemia em um deles. A análise dos resultados obtidos revelou diminuição significativa da carga parasitária em todos os pacientes, com melhora nos sinais clínicos, porém sem resolução total do quadro clínico.

Article Details

How to Cite
VIDES, J. P.; MORAES, L. R. S. Tratamento da Leishmaniose visceral canina com miltefosina – relatos de casos. Revista de Educação Continuada em Medicina Veterinária e Zootecnia, v. 16, n. 3, p. 80-80, 11 Dec. 2018.
Section
VIII SIMPÓSIO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL