Prevalência e caracterização molecular de Cryptosporidium em fezes de gatos domiciliados em zona urbana de Araçatuba, estado de São Paulo, Brasil
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Abstract
O presente trabalho buscou estimar a prevalência de parasitismo por Cryptosporidium spp. na população de gatos domiciliados na zona urbana do Município de Araçatuba, Estado de São Paulo, Brasil e identificar a espécie do patógeno presente na região. O Cryptosporidium spp. é amplamente estudado em animais domésticos, especialmente nos de produção; contudo, a ocorrência do patógeno no hospedeiro felino é menos investigada devido à dificuldade para a colheita de amostras. O protozoário Cryptosporidium spp. pode causar diarreia severa e aguda em pacientes imunocompetentes, e é potencialmente fatal em indivíduos imunossuprimidos, podendo ocasionar grandes surtos, sobretudo por veiculação hídrica. Seres humanos infectam-se principalmente por Cryptosporidium hominis e Cryptosporidium parvum, mas o potencial zoonótico do Cryptosporidium felis, cujo principal hospedeiro é o felídeo, tem ganhado destaque e no Brasil já foi a segunda espécie mais frequentemente isolada em pacientes com HIV. A microscopia e a sorologia não diferenciam as espécies do protozoário; logo, sua caracterização molecular é importante para investigar possíveis reservatórios da doença. O censo conduzido por agentes do Centro de Controle de Zoonoses de Araçatuba no ano de 2010 constatou que o Município de Araçatuba que é subdividido em oito áreas censitárias (sete urbanas e uma rural), tinha uma população de 5.774 gatos domiciliados na zona urbana. Obedecendo ao cálculo de tamanho mínimo amostral, foram colhidas fezes de 138 gatos de forma aleatória e estratificada. As colheitas foram realizadas no período de agosto de 2010 a janeiro de 2011 .As amostras de fezes foram examinadas por ELISA direto, microscopia e nested-PCR, seguida de sequenciamento genético para identificação da espécie de Cryptosporidium sp. As amostras foram consideradas positivas quando os oocistos do protozoário foram detectados por pelo menos duas técnicas de diagnóstico. A prevalência obtida foi de 9,4% (IC 95: 4,5 a 14,3%), ou seja, durante o período do estudo estimou- -se que havia entre 260 e 826 gatos eliminando oocistos de Cryptosporidium no município. Seis amostras foram positivas por ELISA de captura e microscopia; duas foram positivas por ELISA de captura e nested-PCR; e cinco amostras foram positivas pelas três técnicas. O sequenciamento genético das sete amostras amplificadas revelou a presença de C. felis. Concluiu-se que a prevalência de infestação por C. felis é bastante elevada na população de gatos domiciliados na área urbana do município. Novas pesquisas deverão ser conduzidas para investigar a associação entre a infecção do patógeno em gatos e humanos contactantes.
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